terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eleições, Chico Buarque e Nossa Senhora

Por Maria Emmir

Em meio a dezenas de e-mails sobre as próximas eleições, acabo de receber uma cândida mensagem introdutória de um vídeo do saudoso Festival Nacional da Canção:
Estávamos (quase) todos na idade dourada dos 20 anos. Mudaram os tempos, mudamos nós, partiram muitos. Apenas a roda viva continua a mesma.
Fiquei a pensar na lista de sessentões para quem o e-mail havia sido encaminhado, mas logo meu pensamento voou para meus jovens filhos e meus netos ainda crianças, para os milhões de jovens do Brasil. Foi então que questionei: Mudaram os tempos? Mudamos nós? A roda viva continua a mesma?
O texto que acompanhava o vídeo de Chico Buarque e o MPB4 cantando “Roda Viva” chamava atenção para o uso de um único microfone para cinco pessoas a se espremerem para lhe ter acesso. Hoje, com certeza, teríamos, no mínimo, cinco microfones, fora o do apresentador. Parece, entretanto, que o número de microfones é a mudança mais significativa entre o Festival dos anos 60 e os anos seguintes.
Os tempos mudaram, talvez, só na aparência. Nos anos 60, estávamos em tempo de ditadura “braba”. Imprensa censurada, músicas censuradas, filmes censurados, universidades censuradas, professores e alunos do ensino médio e universitário igualmente censurados em suas falas e ações. Mas também após a ditadura soubemos de mentira, de corrupção, de fantasia, de populismo, de falatório vazio, de discursos enfáticos que não dizem nada com nada, tudo apoiado no aumento do poder aquisitivo das classes C e D, em um justo aumento de brasileiros considerados “classe média”. Mais uma vez, o dinheiro aliado ao poder justifica todo erro, fecha os olhos a toda mentira, aliena todo um povo.
Alienação e irracionalidade poderão nos levar a tempos de falta de liberdade e de valores morais semelhantes aos que vivemos nos anos 60. Basta votarmos errado. Precisaremos, então, aumentar a abrangência e número de metáforas geniais do Chico Buarque para que aqueles que não são afeitos à leitura não entendam que estamos falando deles. As metáforas, então reduzidas ao “regime” terão agora que abranger também a defesa da vida desde a concepção até o ocaso natural (o que já é uma metáfora para aborto descriminalizado e eutanásia – que, por sua vez, é metáfora para aborto provocado, por sua vez metáfora para assassinato de inocentes pela própria mãe e pela metáfora de “saúde pública” – ora deixem-me rir!).
E se votarmos em políticos e partidos errados, que vençam as eleições, que triste e profundo lamento ecoará do coração de Deus e do nosso pelos milhões de brasileiros a serem abortados legalmente? Que metáforas utilizarão os escritores e poetas para o cruel infanticídio do aborto que chamam “assunto de saúde pública? Que metáforas usaremos para a eliminação sumária do doente ou idoso que “dá trabalho” e gasta à toa dinheiro do governo?
Será que os tempos realmente mudaram? Nos anos 60 e 70, censurada a imprensa, as artes, todas as formas de fazer cultura, falava-se em “Roda Viva”, que calava a viola, emudecia as canções, roubava a alegria, cerceava a liberdade. E agora, qual seria o nome da roda diante do fascismo-comunismo moderno com seus métodos de dar inveja a Lênin e Trotsky, a Hitler e Mussolini? Que metáforas usaríamos para “tem dia que a gente se sente como quem partiu ou morreu”? Haverá outra? Não se sentirão assim os jovens que se iludiram com tantos na época da eleição com discursos tão atraentes? Como se sentirão os jovens ludibriados por tais discursos, por obras “de mentirinha”, por manobras econômico-financeiras que cedo ou tarde explodirão? Ou será que todos estamos alienadamente felizes por ter mais e “ser gente”, como ouvimos na TV?
E os pais de família? Como se sentirão quando não puderem mais educar seus filhos na fé, como gostariam? Ou quando ensinarem algo em casa e o virem destruído pelos professores que seguem cartilhas partidárias, repletas do ideário de representantes do partido em cada esfera política, resplandecente em maquiagens e luzes que encobrem os defeitos e maquiagens, vestidos de povo ou de executivo, revestidos de mentira do marketing exportado – pasmem! – dos Estados Unidos!!! Ironia das ironias!
Os que seguirem Jesus, como se sentirão ao serem perseguidos por causa de sua fé? Como reagirão ao verem banidos dos locais públicos, do Senado, do Congresso, das Assembléias Legislativas, das escolas todos os símbolos do catolicismo? Que nova alternativa usarão para evangelizar livremente, para falar, escrever, ler, expressar-se sobre sua fé?
É! Os tempos, de fato, mudaram. Que diferença abissal entre 2010 e os anos 60! Quem não mudou foi o homem em sua sede de poder e de ter a qualquer custo, colocando, como Maquiavel, o fim a justificar os meios, descaradamente, sem nenhum escrúpulo. A metáfora “roda viva”, portanto, continua a servir. Na verdade, é apropriada a toda ditadura, seja militar, seja fascista, seja dos que querem se perpetuar no poder.
Em 1989, presenciamos, todos, a queda do muro de Berlim. Morte do comunismo, pensamos.. Fim do autoritarismo, festejamos. Nossa Senhora de Fátima havia cumprido sua promessa de, através da oração do rosário, livrar o mundo do comunismo. O que ninguém esperava era que, justo na América Latina estivéssemos em problemas tão graves políticos e partidários.
Há, porém, uma esperança de que nós, a partir de 2011, estejamos livres para nos expressar, para educar nossos filhos, para viver nossa fé em um regime democrata, justo, que não trunca a verdade nem a joga para baixo do tapete. Sim, as metáforas de Chico poderão, se Deus quiser, ser dispensadas, pois quem é livre só usa metáfora para exaltar a beleza e expressar o mistério do amor e de Deus amor.
O que fará o milagre? Nossa oração a Nossa Senhora de Fátima, que livrou Portugal e o mundo inteiro do comunismo. Ela “fala português” e vive melhor que ninguém o Evangelho. Ela é Mãe dos homens, é a verdadeira Mãe do Brasil.
Como Nossa Senhora de Fátima e de Aparecida, livra-nos, Mãe, dessa nova ditadura. Livra-nos da mentira. Livra-nos das instituições não confiáveis. Livra-nos de um governo anti-evangélico e manipulador da cultura de morte. Livra-nos, Mãe, dos métodos fascistas. Livra-nos do Comunismo Moderno. Então, as metáforas do Chico servirão para te agradecer, como cristãos, o imenso e inalienável direito à liberdade.

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